DORA 2025: Minhas Surpresas, Dilemas e Insight sobre o Estado da IA no Desenvolvimento de Software
Nunca vou esquecer quando tentei um experimento despretensioso, usando uma ferramenta de IA para refatorar um pedaço caótico de código antigo. Era um sábado gelado, café do lado, e, confesso, fiquei chocado: a IA acertou quase tudo, mas tropeçou feio em detalhes importantes. Por que isso acontece tanto? O que a comunidade tech está realmente sentindo? Com o lançamento do DORA Report 2025, achei a oportunidade perfeita para mergulhar nessa discussão e compartilhar o que mais me chamou atenção – com um olhar bem honesto, direto do campo de batalha da engenharia.
IA no Desenvolvimento: Nem Mágica, Nem Vilã
Se tem um ponto que ficou claro no 2025 DORA Report: State of AI-Assisted Software Development, é que a IA não é uma solução mágica para todos os problemas de desenvolvimento de software — mas também está longe de ser uma vilã. O relatório, liderado por Nathen Harvey e Derek DeBellis, trouxe dados inéditos de quase 5.000 profissionais de tecnologia do mundo todo e revelou uma verdade simples: a IA potencializa o que já existe nas equipes. Ou seja, ela funciona como um amplificador, tanto das forças quanto das fraquezas dos times.
A IA é um amplificador das capacidades organizacionais, não um remédio mágico. – Nathen Harvey
Isso ficou evidente nos resultados: times sólidos, com processos bem definidos e cultura colaborativa, conseguem extrair ganhos reais de produtividade e eficiência com a adoção de IA. Já equipes que enfrentam desafios estruturais, como comunicação falha, processos engessados ou plataformas internas frágeis, acabam vendo esses problemas se intensificarem com a chegada da IA.
IA como Amplificador: O Que o DORA 2025 Mostra
O DORA Report 2025 traz um dado impressionante: 90% dos profissionais de desenvolvimento de software já utilizam IA no dia a dia. Isso representa um salto de 14% em relação ao ano anterior, mostrando que a AI adoption virou praticamente padrão no setor. E não é só adoção: mais de 80% dos respondentes afirmam que a IA trouxe ganhos de produtividade — um número que reforça o impacto positivo das ferramentas de AI-assisted software development quando bem aplicadas.
Mas o relatório também alerta: a IA não resolve problemas de base. Ela acelera o que já está funcionando e expõe ainda mais o que está desalinhado. Por isso, equipes com arquitetura desacoplada, ciclos rápidos de feedback e testes automatizados eficientes conseguem multiplicar seus resultados. Já times presos em sistemas acoplados, processos lentos e pouca clareza de fluxo de trabalho acabam sentindo mais os efeitos negativos da IA, como instabilidade nas entregas e aumento do retrabalho.
Dados que Falam Alto
- 90% dos desenvolvedores já usam IA no trabalho diário.
- Mais de 80% relatam aumento de produtividade graças à IA.
- 30% ainda têm pouca ou nenhuma confiança no código gerado por IA, mostrando que o ceticismo persiste, mesmo que em queda.
Esses números mostram que a IA já faz parte da rotina dos software development teams, mas também que ainda há desafios de confiança, qualidade e adaptação cultural. O relatório ressalta que o maior retorno da IA não está apenas nas ferramentas, mas em como elas se encaixam em plataformas internas robustas, fluxos de trabalho claros e alinhamento entre as pessoas.
O Papel das Plataformas Internas e do Foco no Usuário
Outro destaque do DORA 2025 é a importância das plataformas internas. 90% das organizações já adotaram pelo menos uma plataforma interna, e a qualidade dessas plataformas está diretamente ligada à capacidade de liberar o valor da IA. Ou seja, investir em infraestrutura, automação de testes e integração contínua é fundamental para transformar a IA em vantagem competitiva real.
Além disso, o relatório reforça que a IA entrega melhores resultados quando direcionada a problemas claros e com foco no usuário final. Equipes que mantêm o usuário no centro das decisões conseguem usar a IA para melhorar produtos, acelerar entregas e aumentar a satisfação dos clientes.
Insights Práticos para Líderes de Tecnologia
- Trate a AI adoption como uma transformação organizacional, não só tecnológica.
- Invista em plataformas internas e redes de segurança (testes, automação, feedback rápido).
- Socialize políticas de IA e conecte as ferramentas ao contexto real da equipe.
- Mantenha sempre o foco no usuário final para potencializar os ganhos de AI productivity.
O 2025 DORA Report deixa claro: a IA é poderosa, mas só faz milagres onde já existe base sólida. Para quem busca transformar a adoção de IA em vantagem competitiva, o caminho passa por fortalecer pessoas, processos e cultura — e não apenas adicionar mais uma ferramenta ao stack.
Plataformas e Cultura: O Verdadeiro Motor da IA
Se tem uma lição que ficou cristalina para mim ao mergulhar no DORA Report 2025, é esta: não adianta investir em IA se arquitetura, plataforma e cultura da equipe são frágeis. A inteligência artificial, por si só, não é uma solução mágica. Ela potencializa o que já existe — e isso ficou ainda mais evidente nos dados deste ano. Equipes sólidas, com processos bem definidos e plataformas internas robustas, conseguem extrair ganhos reais de produtividade e qualidade com IA. Já times com dificuldades estruturais acabam vendo suas fraquezas serem ampliadas, e não resolvidas, pela tecnologia.
Engenharia de Plataforma: O Alicerce da IA-Assisted Software Development
O relatório deste ano trouxe um dado que me chamou muita atenção: 90% das organizações já adotaram pelo menos uma plataforma interna. Isso não é coincidência. A platform engineering importance nunca esteve tão em alta. Times que investem em plataformas internas de alta qualidade criam um ambiente propício para a integração de IA e, consequentemente, para o aumento de produtividade e valor entregue.
Essas plataformas funcionam como trampolins: facilitam automação, integração de ferramentas, padronização de fluxos e, principalmente, aceleram o ciclo de feedback. O resultado? Equipes conseguem experimentar, errar rápido, aprender e ajustar — tudo isso potencializado pela IA. Como destacou Derek DeBellis, pesquisador do DORA:
O real valor da IA está nas práticas técnicas e no ambiente cultural ao redor das ferramentas.
Cultura Organizacional: O Diferencial Invisível
Outro ponto que o relatório reforça é que cultura organizacional e feedback rápido são essenciais para colher benefícios concretos da IA. Não adianta ter a melhor ferramenta se o time não tem autonomia, clareza de propósito ou um ambiente seguro para experimentar. A cultura de feedback ágil diferencia equipes que prosperam com IA das que estagnam.
- Equipes com arquitetura desacoplada e ciclos rápidos de feedback colhem ganhos expressivos com IA.
- Sistemas acoplados e processos lentos limitam ou até anulam os benefícios da IA.
O relatório identificou sete arquétipos de equipes, mostrando que times em ambientes de “sobrevivência” (com processos frágeis e alto burnout) não conseguem aproveitar a IA. Já os chamados “Harmonious high achievers”, com alta colaboração, autonomia e alinhamento, são os que mais avançam.
Desafios na Integração da IA: Muito Além da Ferramenta
Um dos AI integration challenges mais citados pelos respondentes foi a falta de confiança no código gerado por IA — 30% ainda relatam pouca ou nenhuma confiança, mesmo com a produtividade aumentando. Isso mostra que a estabilidade nas entregas de software pode ser comprometida se não houver práticas técnicas maduras, como testes automatizados, controle de versões e revisão colaborativa.
O DORA Report deixa claro: adotar IA é um problema sistêmico, não apenas técnico. É preciso olhar para o todo — arquitetura, plataforma, cultura, práticas de engenharia e, claro, o usuário final. Só assim é possível transformar o potencial da IA em resultados concretos e sustentáveis.
O Modelo de Capacidades de IA: Um Novo Norte
Este ano, o relatório apresentou o DORA AI Capabilities Model, um framework com sete capacidades essenciais para maximizar o impacto da IA nas organizações. Entre elas, destaco:
- Plataforma interna de alta qualidade
- Automação de testes e deploy
- Feedback rápido e contínuo
- Governança clara sobre uso da IA
- Foco no usuário final
- Ambiente seguro para experimentação
- Monitoramento e métricas inteligentes
Essas capacidades não são apenas técnicas, mas culturais. O relatório recomenda que líderes tratem a adoção de IA como uma transformação organizacional, conectando a IA ao contexto interno, fortalecendo redes de segurança e investindo na plataforma interna.
Em resumo, engenharia de plataforma e cultura organizacional são o verdadeiro motor da IA no desenvolvimento de software. Investir nesses pilares é o que separa equipes que apenas usam IA daquelas que realmente colhem seus frutos.
Entre o Hype e os Dilemas: Confiar ou Não na IA?
Quando falamos sobre AI trust issues no desenvolvimento de software, a discussão vai muito além do entusiasmo inicial. O DORA Report 2025 trouxe dados que me fizeram repensar o papel da IA: mesmo com a adoção quase universal (90% dos profissionais já usam IA no dia a dia), cerca de 30% ainda relatam pouca ou nenhuma confiança no código gerado por IA. Esse número caiu em relação ao ano passado, mas mostra que o ceticismo persiste. A confiança está crescendo, sim, mas muitos desenvolvedores ainda veem a IA como uma aliada — não como substituta do trabalho humano.
O relatório deixa claro: a IA não é uma solução mágica. Ela potencializa o que já existe na equipe. Se o time tem processos sólidos, cultura colaborativa e clareza de propósito, a IA acelera entregas, aumenta a produtividade e melhora a performance do produto. Mas, se há problemas estruturais, a IA pode amplificar as fraquezas, tornando gargalos mais visíveis e, em alguns casos, elevando o burnout e o atrito entre os membros da equipe.
O DORA mapeou sete perfis de equipes de desenvolvimento de software — um dos grandes achados deste ano. Os chamados “harmonious high achievers” são exemplos de times que extraem o máximo valor da IA: têm métricas positivas de bem-estar, entregam software com qualidade e mantêm o usuário no centro das decisões. Já os grupos classificados como “foundational challenges” vivem em modo de sobrevivência, presos em ciclos de baixa performance, alto estresse e pouca evolução. Esses perfis mostram que a saúde da equipe é determinante para o real impacto da IA — e que investir em práticas sólidas, alinhamento e cultura é tão importante quanto adotar novas ferramentas.
Outro ponto que me chamou atenção foi a relação entre IA e estabilidade das entregas. O relatório indica que, apesar do AI productivity gains serem evidentes (mais de 80% percebem aumento de produtividade), a estabilidade ainda é um desafio. Equipes com arquitetura desacoplada, testes automatizados e ciclos rápidos de feedback conseguem colher benefícios reais. Já times com processos engessados e sistemas acoplados sentem pouco impacto positivo — ou até veem a situação piorar.
O segredo, segundo o DORA, está em adotar uma user-centric AI approach . A IA entrega mais valor quando é direcionada para resolver problemas claros, sempre com foco no usuário final. Como destacou Derek DeBellis, pesquisador do estudo:
Equipes só extraem valor da IA quando somam práticas técnicas sólidas à clareza de propósito e foco no usuário final.
Isso reforça a importância de não cair no hype e, ao mesmo tempo, não ignorar o potencial transformador da IA. O relatório apresenta o DORA AI Capabilities Model , que identifica sete capacidades essenciais para maximizar o impacto positivo da IA. Entre elas, estão o fortalecimento das plataformas internas, o investimento em redes de segurança (como testes automatizados e revisão de código) e a clareza nas políticas de uso da IA.
Para mim, o grande insight do DORA 2025 é que a confiança na IA não nasce do uso cego ou da simples adoção de ferramentas. Ela é construída no dia a dia, com práticas técnicas robustas, cultura de aprendizado contínuo e, principalmente, colocando o usuário no centro das decisões. O desafio é real: ainda há trust issues com IA, e a diferença entre times que prosperam e os que travam está no cuidado com processos, pessoas e propósito.
Se você quer transformar a IA em vantagem competitiva, o caminho não é buscar atalhos, mas investir em equipes, plataformas e, acima de tudo, em uma abordagem centrada no usuário. O hype pode ser passageiro, mas os dilemas — e as oportunidades — são reais e exigem escolhas conscientes. O futuro da IA no desenvolvimento de software será construído por quem souber equilibrar inovação, confiança e responsabilidade.
TL;DR: O DORA 2025 deixou claro: IA é catalisador — amplifica forças (e falhas), exigindo que equipes invistam não só em ferramentas, mas principalmente em processos, plataformas e cultura.
- 2025 DORA Report
- AI adoption
- AI capabilities model
- AI integration challenges
- AI productivity gains
- AI-assisted software development
- Automação
- deploy
- Desafios
- desenvolvedores
- Desenvolvimento
- IA
- Inovação
- Integração de IA
- Inteligência Artificial
- pesquisa
- platform engineering importance
- produtividade
- segurança
- software delivery stability
- software development teams
- Tecnologia
Autor
Posts relacionados
DORA 2025: Minhas Surpresas, Dilemas e Insight sobre o Estado da IA no Desenvolvimento de Software
O DORA 2025 deixou claro: IA é catalisador — amplifica forças (e falhas), exigindo que equipes invistam não só em ferramentas, mas...
- 2025 DORA Report
- AI adoption
- AI capabilities model
- AI integration challenges
- AI productivity gains
- AI-assisted software development
- Automação
- deploy
- Desafios
- desenvolvedores
- Desenvolvimento
- IA
- Inovação
- Integração de IA
- Inteligência Artificial
- pesquisa
- platform engineering importance
- produtividade
- segurança
- software delivery stability
- software development teams
- Tecnologia
Por que eu não gosto de Scrum (e o que uso no lugar)
Eu sou o Felipe Vieira e neste texto eu quero explicar, de forma franca e prática, por que o Scrum deixou de funcionar...
Leia tudo
OpenAI DevDay 2025: como eu vejo o futuro do desenvolvimento
Eu abro este texto com a mesma energia com que subi ao palco em San Francisco: empolgado, prático e com a certeza...
Leia tudo
Por Que O Último Programador Esqueceu o Teclado: Caminhos Surpreendentes do Futuro da Programação
Nem todo mundo vai ser substituído por máquinas — mas quem não se reinventa, corre sim o risco de virar história. O...
- Automação
- Automação e empregos em tecnologia
- Carreira
- Codificação
- Desafios
- desenvolvedores
- Desenvolvimento
- Desenvolvimento de aplicativos com IA
- Desenvolvimento sustentável de software
- Engenharia de IA e MLOps
- ferramentas de IA
- Futuro da programação 2025
- Git
- GitHub
- IA
- Inovação
- Inteligência Artificial
- Inteligência artificial integrada
- Plataformas low-code no-code
- Profissionais híbridos em tecnologia
- programação
- segurança
- Soluções
- Tecnologia
- Tendências de carreira em tecnologia
- Transformação do papel do programador
5 Estratégias para Desenvolvedores em 2025: IA, Fundamentos, Soft Skills, Buildar em Público e T-Shaped
## 5 Estratégias essenciais para potencializar sua carreira de desenvolvedor em 2025 O avanço tecnológico avassalador está remodelando o cenário do desenvolvimento...
Guia Completo para Entrevistas de Design de Sistemas: Da Teoria à Prática Avançada
Guia Definitivo para Entrevistas de Design de Sistemas: Dos Fundamentos à Arquitetura Avançada As entrevistas de design de sistemas tornaram-se fundamentais no...
Leia tudo